Por alguma razão, perdi a fome, o gosto da comida, o brilho no olhar, o desejo de sentir, a pouca felicidade que tinha conquistado, a vontade de sorrir, os sonhos, a alegria de escrever as palavras que estás a ler…
Ainda não sei o que quero, não sei se ainda estou iludida… Continuo perdida, é certo.
Tento sacudir os meus pensamentos, sacudir determinados momentos, e encontrar o caminho de volta. No entanto, a escuridão envolve-me na mesma pergunta, sempre na mesma velha e fria pergunta, “Porquê?”. Volto a abanar a cabeça e inspiro fundo, mas a pergunta continua a ecoar persistentemente … até que me distraio, até que me esqueço. E, vindo no nada, tudo isso reaparece, como um relâmpago em noites de Verão, e eu tento libertar-me desesperadamente mas sem sucesso.
Ainda tenho esperança, ilusões de uma adolescente tola, de um arrependimento…de um súbito ataque de consciência… de um resto de humanidade teu. Tolices, comigo és diferente… aliás, comigo tudo é diferente. (Posso sonhar? Parece que não, só estão disponíveis os pesadelos…)
No meio de tanta confusão, pouca coisa se mantêm simples. Simplesmente, odeio ser como sou. Odeio ser quem sou. Odeio as minhas manias, vícios, fraquezas, desilusões e tristezas. Odeio dizer que te odeio. Odeio não te odiar, e ainda mais por não te odiar tanto como digo que te odeio. Odeio querer fervorosamente que me peças desculpa… que me queiras dizer, de livre vontade, o que já sei e o que não sei… que respondas á pergunta que ecoa na minha cabeça. Odeio saber que isso é impossível. Odeio saber o que sei e odeio saber que nunca me esquecerei. (Eu não esqueço, logo, eu não perdoo. Não que estejas muito ralado com isso, não é?).
Fazes-me mal, ponto final.