Acompanhada pela solidão, eu caminho nesta estrada, onde não há dia nem noite nem horizonte. O porquê da sua companhia nunca chegou aos meus ouvidos; apenas ouvem o silêncio.
Procuro alguém para falar. Alguém conhecido, cujo um simples “Olá” me ajudava a caminhar de coração mais leve. No entanto, esse alguém foge de mim…alias, não é só um alguém, é toda a gente. Só os botões do meu casaco falam comigo…
Estou cansada de andar nesta estrada sem fim. Sento-me debaixo duma árvore imaginária, neste caminho sem nada a não ser eu. Dói-me os pés, as pernas, a barriga, a cabeça; o corpo todo e a alma. Tenho sede, mas não há água para a saciar. Para esta minha sede nem toda a água do Mundo a saciava…
Adormeço. Sonho com o que poderá estar na outra ponta. Será ouro? Poder? Magia? Um rapaz, pronto para abrir os seus braços e amar-me como se não houvesse nada nem ninguém? Uma amiga, ali para me ajudar a descansar desta viagem tão longa com tudo o que preciso? Nuvens, que me levarão bem alto no céu, para me recordar da insignificante vida tive?
Não sei bem… são só sonhos…
Acordo. Levanto-me. Olho em redor. Vejo que me falta tanto para andar e que tenho que ver onde está o fim, para que tanta solidão, sonhos e cansaço não tenham sido em vão.